Embora a média de desempenho tenha ultrapassado o recomendável, mais de um terço dos estudantes (33,7%) das séries iniciais em Minas chegam ao terceiro ano do fundamental com dificuldade para ler e escrever. O dado é do Programa de Avaliação da Alfabetização (Proalfa) deste ano, divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Educação (SEE). O problema foi verificado, principalmente, nas escolas das redes municipais, segundo a SEE. Para estar no nível recomendado de alfabetização, a criança deve alcançar, no mínimo, 500 pontos na escala de desempenho, e ser capaz de ler frases e pequenos textos, começando a desenvolver habilidades de identificação do gênero, do assunto e da finalidade da mensagem. Já no intermediário (450 a 500 pontos), estão alunos que apenas sabem ler frases e pequenos textos. Aqueles que leem somente palavras são enquadrados no nível baixo (350 a 450 pontos).
A secretária de Estado de Educação, Vanessa Guimarães, negou que os índices verificados nos municípios retratem a realidade do estado. Ela ressaltou os resultados relativos à rede estadual no Proalfa, segundo os quais 86,2% dos alunos do 3º ano do nível fundamental alcançaram alto padrão de desempenho na leitura e na escrita. Vanessa argumentou que os resultados são positivos na rede pública de Minas, pois metade dos alunos está na rede estadual. “A maior parte das matrículas ainda está com o sistema estadual, que tem 2,8 mil instituições com séries iniciais de ensino e 2,5 milhões de alunos”, afirmou. Logo depois, ela se contradisse ao apresentar o número de meninos que se submeteram à avaliação: do total de 300 mil crianças, 120 mil estão matriculadas em instituições estaduais e 180 mil em municipais.
Apesar da necessidade de avanços, Minas é considerado pela equipe de pesquisadores responsável pelo Proalfa o estado com o melhor desempenho do país. O governador Antonio Anastasia comemorou: “Estamos no caminho correto para aquilo que é mais importante para o futuro de nosso estado: a educação pública de qualidade, com resultados excepcionais”. Os levantamentos foram coordenados pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed) da Universidade Federal de Juiz de Fora, e pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) da Universidade Federal de Minas Gerais. Foi avaliada ainda a situação do Acre, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Todos têm índice de alfabetização inferior a 65%, segundo a coordenadora do Caed, Lina Kátia Mesquita.
A escola que mais se destacou em Minas está na Região Norte e saiu de 447,2 pontos em 2009 para 732,56. Na Estadual do Povoado de Lagoa de Baixo, em Rubelita, educadores reestruturaram os projetos de alfabetização e investiram na leitura e interpretação de textos em sala de aula, pelos alunos do fundamental, pelo menos uma vez por semana. Em BH, o destaque foi da Escola Estadual Prof. Maria Coutinho, no Bairro Jaqueline, Norte da cidade, que evoluiu dos 541,83 pontos para 649,92. “Empenhamos para mudar o resultado da escola. Professores, supervisão e direção se envolveram para criar metas e priorizar o programa Escola Integral, com foco no Proalfa. Não era mais possível os meninos não saber ler nem escrever”, disse a diretora, Marta da Silva Amorim. Em BH, a Secretaria de Educação informou que não recebeu os dados do Proalfa.
Responsável: Junia Oliveira - Estado de Minas - 25/11/2010